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Grandes empresas no Brasil pagam taxa menor entre BRICS



ernani fagundesae
Apesar do juro nominal alto, as grandes empresas brasileiras com risco de crédito "AA" e "A" pagam as menores taxas de spread , a diferença entre a taxa de captação e a taxa de juros praticada, entre os países do BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Esse é o contexto apontado pelos dados do relatório mensal de Operações de Crédito do Sistema Financeiro Nacional, divulgado ontem pelo Banco Central.
"Mas dada a baixa inadimplência nesse segmento, os juros para as pessoas jurídicas poderiam ser menores", considera o professor de macroeconomia e cenários econômicos da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Sílvio Paixão.
De acordo com números publicados, a taxa preferencial brasileira (TFB) apontou juros nominais para esses clientes preferenciais pessoa jurídica em 17,8% ao ano. Mas quando compara-se a média com outros países, o spread brasileiro (diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada do tomador final) fica em 3,24% ao ano, contra 4,2% ao ano na Rússia, 5,7% ao ano na Índia, 3,8% ao ano na China e 3,4% ao ano na África do Sul. A taxa americana equivalente a TFB registra spread de 2,4% ao ano.
Para chegar a nova taxa, o Banco Central calculou 47.689 operações acima de R$ 5 milhões entre janeiro de 2005 e junho de 2011. A TFB exibiu piso de 12% nominal no final de 2007 e pico de 21% em janeiro de 2009, no auge da secura de crédito no mercado internacional pós eclosão da crise mundial em setembro de 2008.
"Isso evidencia que apesar da taxa nominal alta, as grandes empresas brasileiras com excelente endividamento conseguem negociar taxas razoáveis com bancos comerciais, múltiplos e de investimentos", avalia Paixão.
"Ressalta também uma desigualdade muito acentuada com as pessoas físicas que pagam em média, juros de 45,7% ao ano", completa o professor da Fipecafi.
O professor de Finanças da ESPM, Adriano Gomes, explica essa diferença enorme dos juros observando o aumento da inadimplência entre as pessoas físicas. "Acendeu a luz amarela. Existe já uma preocupação do BC com o aumento da inadimplência que atingiu 6,8% entre as pessoas físicas", observou.
Ele destaca, no entanto, que no segmento de pessoas jurídicas foram as exigências que aumentaram. "O crédito para pessoas jurídicas está mais seletivo e rigoroso e exige muito mais garantias", analisou Gomes. Como exemplo, o professor da ESPM citou que os bancos estão cobrando 6% de juros ao mês para aceitar recebíveis.
O professor de Finanças da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Samy Dana, chama a atenção para a alta dos juros. "Acredito que a concessão de crédito deva ser controlada. E é um crédito de qualidade muito ruim, voltado apenas para o curto prazo", opinou Dana ao referir-se a alta dos juros para modalidades como o capital de giro para pessoas jurídicas.
Para o futuro, o professor da FGV vê a perspectiva da redução dos juros básicos, a Selic, interferindo nas taxas nominais. "Mas há a preocupação com a inflação", alertou Samy Dana.
PIB
Em entrevista após a divulgação do relatório, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Túlio Maciel, calculou que o volume de crédito atingirá 49% do produto interno bruto (PIB) ao final de 2011, superando a marca de R$ 2 trilhões. Ao final de setembro, o crédito em relação ao PIB atingiu 48,4%, com R$ 1,929 trilhões em recursos.
No relatório, BC informou que a média diária das concessões do crédito livre teve alta de 3,4% em setembro ante agosto. No acumulado do ano, esse indicador teve expansão de 7,1% e, em 12 meses, de 6,4%.
Maciel afirmou ainda que o crédito total, desconsiderando-se o efeito câmbio, cresceu 1,8% em setembro (ante 2,1% no dado geral, considerando as operações em dólar). O ritmo, segundo ele, está em linha com o de outros meses do ano, que apontam para um crescimento de 17% do crédito no ano.
Segundo Maciel, a queda da Selic poderá acelerar a concessão de empréstimos. "Sem dúvida, a redução da taxa de juro constitui um incentivo claro para as concessões de novos empréstimos", disse o chefe do departamento.
No mês passado, os financiamentos à indústria e ao segmento de serviços cresceram em ritmo mais forte que o dos demais setores, inclusive o habitacional. Para ele, ainda é cedo para falar em mudança de tendência. "Claro, após o crédito imobiliário crescer em torno de 50% ao ano é de se esperar alguma acomodação no futuro", completou Túlio Maciel.
 
 
Fonte: DCI - SP

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